terça-feira, 11 de setembro de 2012

Silêncio

Edgar Allan Poe

Há qualidades incorpóreas, de existência
dupla, nas quais segunda vida se produz, 
como a entidade dual da matéria e da luz, 
de que o sólido e a sombra espelham a evidência.

Há, pois, duplo silêncio; o do mar e o da praia, 
do corpo e da alma; um, mora em deserta região 
que erva recente cubra e onde, solene, o atraia 
lastimoso saber; onde a recordação 

o dispa de terror; seu nome e "nunca mais"; 
é o silêncio corpóreo. A esse, não temais! 
Nenhum poder do mal ele tem. Mas, se uma hora 

um destino precoce ( oh, destinos fatais!)
vos levar às regiões soturnas, que apavora 
sua sombra, elfo sem nome, ali onde humana palma

jamais pisou, a Deus recomendai sua alma!

Nenhum comentário: